O Surf em Novembro no Sul de Portugal

Por alguns anos, passei algumas semanas por ano a dar um curso em Lagos, num Campo de Surf – Roxy 2.0 semana de nível intermédio. E apesar de já levar experiência, este formato de acampamento, continua a ser novo para mim.

E no Sul de Portugal, tenho tantos cantinhos especiais, que sempre quero mostrar às senhoras inscritas.

Esta mistura de sentimentos, entre não ter de pensar no backoffice do meu negócio, por um par de semanas, poder dormir descansada e mais despreocupada, e completamente dedicada aos grupos e como vou ensinar e organizar estas participantes, é um misto de foco, com alguma preocupação.

Conseguir agrupar diferentes níveis das senhoras do grupo, organizar uma instrução individual e dar a atenção merecida a cada uma delas, chega a ser um pouco mais stressante, pois estou habituada a um ensino absolutamente individualizado, possível com o apoio da minha equipa, que obviamente conhece o meu método de trabalho, e com pequenos grupos, que torna tudo mais fácil.

Então, no início da semana, na reunião de boas vindas, a primeira tarefa a realizar é a de conhece-las a todas. Como elas chegam com  a expectativa de elevar o seu nível, o mais importante é saber onde é que cada uma ficou presa, na sua evolução.

Aplico o normal questionário da Good surf Good Love, e pela sua história e linguagem corporal enquanto falam, coleciono todos os dados de que preciso. O resultado é, de uma forma geral, traduz-se num destes problemas:

  1. Aprenderam a surfar sozinhas, com amigos, ou num grande campo de Surf, e por esta altura, já repetiram tantas vezes determinados padrões de movimento, que se tornaram especialistas no movimento errado. Ficaram tão bons a serem maus 🤦‍♀️   que apesar das muitas ondas que conseguem apanhar e correr, algures na evolução, vão ficar presos, e não vão conseguir evoluir mais.
  2. Usam a prancha errada para o seu nível!
  3. Surfam no local/spot/pico/linup errado para o seu nível!
  4. Não se respeitam a si próprias!

(há uma razão para esta observação agressiva, que irei esclarecer, sim?)

Num futuro artigo irei desenvolver melhor os pontos 2,3 e 4, mas por agora, vou focar no ponto 1. Mas pf., permitam-me reforçar que, precisamos de considerar todos os anteriores pontos, ou então não haverá evolução. E já agora, não estamos a falar de praticantes numa fase absolutamente inicial, mas sim, os problemas são os mesmo, porque não foram abordados e corrigidos na fase certa.

O grande problema: Tenho muita pena de vos informar que, 95% (pelo menos esta percentagem reflete o facto de eu conhecer pessoalmente muitos muitos verdadeiros surfistas bons, ex-profissionais, internacionais, de muitas partes do mundo), de todos os surfistas que observo nas praias, têm andado uma vida a praticar os padrões incorretos do movimento, que agora que estás no nível intermédio, não te deixará crescer mais.

Posteriormente, ao longo da semana de programa, tenho de decidir, se vou criar uma conflito químico e psicológico, no quadro biomecânico de algumas participantes, ou se vamos apenas divertir, e aceitar que poderá ser demasiado tarde para corrigir os padrões destas mulheres.

Justifico, arguindo que uma semana não é suficiente para fazer alterações e aquisição de padrão, Especialmente em adultos, e nem sempre é fácil para eles, aceitarem e darem um passo atrás, voltar à espuma, às grandes pranchas de escola, onde conseguiremos realmente corrigir questões de posição base, como o Pop Up/Take Off/ Forma de levantar da prancha.

E é tão simples de corrigir! Mas sim, é um grande desafio para todos os que queiram, fazer essa transformação, porque terão que:

👉   Compreender o meu Método de Ensino, e todo o processo e aprendizagem, que se aplica a TODOS! Reforço, a TODOS, porque o meu método foca-se em problemas individuais. Sejam eles psicológicos, biomecânicos ou sociais, o método repara!

👉  Querer mesmo muito aprender e melhorar. Se estas praticantes apenas querem diversão, está tudo bem, eu aceito e respeito. E compreendo, porque especialmente estes campos de Surf, existem tantas boas distrações, churrascos, beber umas cervejas e fazer novos amigos, festa que surge sem querer, de um jantar divertido… 😉 . Eu compreendo, a sério que sim! Vou estar feliz na mesma apenas a orientar e apoia-las a entrar em ondas lindas e perfeitas. Digo apenas, porque é o mesmo que me dizerem, “não, não chega de mais diversão que esta já é demais…!” 🤦‍♀️ COMO ASSIM?!?!?

Podia falar ou escrever horas sobre este Método de Ensino, mas também ainda tenho algumas pilhas de livros, à beira da minha secretária, à espera de serem lidos, que me dizem que há muito mais para aprender sobre a essência da biomecânica do Surf e os padrões de movimento deste Desporto.

Sou nova nestas andanças de bloguista, mas sinto que preciso de passar o meu legado, pois todos erros que vejo os  novos Instrutores/Treinadores a fazer na praia, também foram  no passado os meus erros. Vemos uma grande evolução na formação para a competição, mas estas quase duas décadas, não vi muito mais a evoluir no serviço de surf, na praia.

Vamos dar início a uma nova jornada? Onde possamos partilhar conhecimentos, e legados de mais de 20 anos de estudo: a essência da biomecânica de todos os desportos, os padrões do movimento humano e, porque não, o meu ponto de vista pedagógico, e espalhar uma palavra sobre o movimento Good Surf Good Love – RESPEITO!

Espero que mais pessoas se possam juntar ao manifesto da Good Surf Good Love, de segurança, espirito e comportamento.

 

Tralha 2017.11.22

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