Aprende a Surfar um Passo de Cada Vez

Há 22 anos, surgiu a primeira oportunidade de ensinar Surf.

Surgiu por convite do meu Treinador, não só porque era eu era Surfista, mas porque na altura já tinha o Curso de Treinadora de Surf, da Federação Portuguesa de Surf e era estudante de Educação Física e Desporto. 

Esta primeira experiência, tratava-se de uma Ação de Formação do Ministério de Educação, para Professores de Educação Física, foi dada no Praia do Baleal.

Desta vez, eu era um apoio, pois a atividade foi coordenada pelo meu Treinador, mas mais tarde surgiram outros convites, para ensinar Surf em Colégios na zona da Linha e Lisboa e em Escolas de Surf na Ericeira, que fui aceitando, enquanto avançava no meu Curso de Educação Física e Desporto. 

Quando comecei a minha própria aprendizagem, passei por todos os piores: Os pais não apoiaram, os rapazes e homens da praia idem (não haviam meninas surfistas na minha praia), a primeira prancha que me venderam era absolutamente desadequada, e o meu mar foi, durante muitos anos a Praia de Santa Cruz – Difiiiícil!; e por isso lembrava-me muito bem dessas dificuldades quando comecei a ensinar. Para além disso ensinei desde cedo outras modalidades e interessei-me muito pelos conteúdos do Programa Nacional de Educação Física onde podíamos consultar o Plano de Organização do Ensino-Aprendizagem. 

Neste programa, (hoje disponível online, para qualquer interessado), de que fiz umas das grandes bíblias da minha aprendizagem, e consequente transição para o ensino, desde cedo percebi que, tal como todas as outras modalidades desportivas, também o Surf necessitava de um Programa Organizado de Ensino-Aprendizagem. 

Nos finais dos anos 90 e inicio do milénio, não havia muita matéria. Aliás, haviam alguns, bons artigos nas revistas horizonte, na sua maioria do Professor João Brogueira, que seriam depois replicados nas revistas Surf Magazine e na Surf Portugal, que na minha opinião sempre foi uma revista gigante e muito importante para a comunidade do Surf, mas restrita, feita de e para um grupo de amigos. O que sinto é que, na minha opinião reforço, esta revista poderia ter feito evoluir um Surf mais académico e científico, crescer mais rápido, mas talvez, TALVEZ, tenha feito o contrário, e por isso, ainda hoje temos muito que trabalhar, para as cabeças e o mercado se abrir, para o Surf poder ser mais abordado como um desporto, que é!

Enquanto trabalhei com e para outros, segui à risca as instruções e procedimentos, e era a primeira a chegar, só abandonando o “barco”, quando tudo estava lavado e arrumado do dia de trabalho e o dia seguinte organizado e preparado. Absorvi conhecimento com todos os que me cruzei na praia, nomeadamente a cultura, pois quem vem do campo, apesar de vir com todos os 3 meses de todos Verões de vida a viver a praia, há muito mais a saber sobre a vida de mar para saber. Por isso, nunca recuso um conselho ou mesmo crítica de quem já lá “vive” há mais tempo. 

No entanto, no que se refere ao ensino, palmilhei muito muito sozinha, estudei e experimentei muitos modelos, e métodos. Na praia nunca consegui debater métodos de trabalho ou de ensino, parece fazer-se quase sempre o mesmo. 

Desde cedo escrevinhei, tal como tinha aprendido na universidade, Componentes Críticas, Critérios de Êxito, Erros Mais Comuns e Feedback, de cada habilidade, manobra, etapa, nível. Desenhei planos de aula, onde definia o que ía ensinar e como ía ensinar. 

Esses arquivos acumulam-se, acima de tudo desde 2004, quando Fundei a minha Escola de Surf Inês Tralha, hoje Academia Good Surf Good Love. E agora mais recentemente percebi, que tinha um Método de trabalho, ensino e treino para o Surf. Esse Método continua sempre a ser melhorado e talvez por isso que ainda não o partilhei na sua totalidade com toda a comunidade. 

Evolui e aprendi muito, quando senti necessidade de pesquisar e estudar mais sobre o processo ensino-aprendizagem de um adulto, pois em 2006 os adultos e os turista, começaram a interessar-se por aprender também a prática do Surf.

E a verdade é que na Universidade nos ensinam a ensinar crianças. Aprendemos sobre as fases de adaptação motora das crianças, que são simplesmente esponjas e a predisposição para aprender, é praticamente natural. 

Mas e os adultos? Como se ensinam adultos? Só consegui ir resolvendo esta questão quando andei de volta da Neurociência. Mas a Neurociência é todo um mundo que não é meu, por isso reuni algumas aprendizagens especificamente sobre o processo químico da fixação de memória de longa duração, para perceber como poderia predispor um adulto, com todas as suas limitação (limitações de tempo, limitações de condição física e de mobilidade e funcionalidade anatómica,…), a um processo ensino-aprendizagem justo e exequível. 

Com muitos anos de trabalho, muito estudo em diversa áreas e muitos pedidos de ajuda, na maior parte das vezes recusados assim numa de esquecimento, encontrei o que considero um compromisso ótimo, com cada indivíduo. O Método de Ensino e Treino de Surf Inês Tralha, com que formo os meus colegas e colaboradores e que também não se Ensina/Aprende de um dia para o outro.

Entretanto percebi, que como o nosso Programa de Educação Física Nacional, o de todas as crianças do país, no final do 12º ano, provavelmente em 70% dos casos, ou 70% da matéria, simplesmente não é adquirida, ou sequer falada, ensinada, pois o processo é exigente e muito trabalhoso.

Se acham que estou enganada, provem-me e serei absolutamente mais feliz. Mas com conhecimento de causa, as crianças e os jovens adultos, chegam até mim, com a mobilidade e funcionalidade natural de um qualquer corpo humano, avariada. Não foram devidamente estimuladas no que se refere ao Desenvolvimento das Capacidades Físicas Condicionais e Coordenativas, não aprenderam Processo de Desenvolvimento e Manutenção da Condição Física, nem lhes foram incutidos esses hábitos. 

Aliás, quantos Professores de Educação Física são mais sedentários que um doente acamado? 

E quantas vezes estes mesmo professores, entregam aos alunos a decisão de escolherem fazer o que lhes apetece a cada aula?

E quantas vezes professores promovem a sua modalidade, mais que todas as outras juntas? 

E assim, só, as crianças, não foram estimuladas na áreas devidas, tal como o Programa Nacional de Educação Física as desenha.

http://metasdeaprendizagem.dge.mec.pt/metasdeaprendizagem.dge.mec.pt/wp-content/uploads/2010/09/programa_Educ_Fisica2Ciclo.pdf

Façam o teste em família: consultem o programa e verifiquem as vossas competência ao nível introdutório de cada uma das Atividades Físicas e Desportivas. Eu diria que não vale sequer a pena se testarem no nível elementar ou avançado. A Educação Física é uma disciplina multidisciplinar, difícil e super trabalhosa de ensinar, que convenhamos,  precisa de mais dedicação. Só queria estar ludibriada, pois há muitos anos que não trabalho para o Ministério de Educação, mas as evidências não enganam.

Quando há muitos anos percebi, que se ninguém dá o verdadeiro valor à Educação Física, então o meu Método tinha de crescer também para o lado das crianças, pois há que trabalhar muitas competências, para que este alcancem resultados no mar. E quando estamos na presença de pais com poder de compra, então o nosso trabalho nem pode ficar condicionado ao tempo de adaptação e aprendizagem dos seus próprios filhos. O nosso trabalho fica então mais exigente, pois custa ainda mais a admitir, e a nós a falar, que temos de ser nós, treinadores de Surf, a recuperar o que se perdeu, nas janelas perfeitas para estimular determinadas competências nas crianças, que um dia serão adultos, e o seu corpo não conhecerá gestos desportivos, nem conhecerá o seu normal potencial de utilização. 

Então refiná-lo-ei. Hoje o Método está desenhado, justificado, comprovado, quer ao nível de um dia de batismo, ao nível de uma aprendizagem continua, que ao nível do treino de performance e até mesmo ao nível da Elite. 

Posso hoje, sem falsas modéstias, mas sempre com a humildade de poder melhorar-lo com o contínuo trabalho pessoal, em campo, com os Alunos, Praticantes, Surfistas e Atletas da Good Surf Good Love, confirmar que o meu Método de Ensino e Treino do Surf funciona, e num formato que considero bastante simples,  distancia-se muuuito dos outros formatos do mercado, pois tem por base não só a evidência, mas a ciência e a individualidade de cada indivíduo (com redundância!) e as suas particulares capacidades, vontades, desejos, o seu passado desportivo,… numa relação intima com o tempo que tiverem para dedicar à sua própria prática. 

A Good Surf Good Love, tem a responsabilidade de, entre equipamentos técnicos e tecnológicos, competências técnicas e humanas da equipa, a cada uma das pessoas que nos procuram, desenhar um formato ajustado, tendo por base o Método de Ensino e Treino de Surf Inês Tralha, nem a Cultura, e o respeito pelo mar e pela Natureza descura, desde o primeiro encontro. Por isso assinamos que a Good Surf Good Love é um movimento para uma melhor educação de Mar.

A necessidade de Literacia no Oceano impõe-se a vários níveis e será o foco das minhas intervenções, este ano!

Queres saber mais sobre o Método, vem conhecer-nos. Para quem goste de “ler”, seremos um livro aberto! 👌

Se não queres aprender diretamente connosco, continua a seguir-nos, pois vamos libertar mais conteúdos sobre o nosso Método, que consideramos importantes para que toda a comunidade, não seja resumida a um CV com uma linha apenas a dizer: Surfista! 

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